As ciências cognitivas na perspectiva da Psicologia Cognitiva da Religião


Luciana Soares Rosas[1]

Evelyn Christine Amorim[2]

Karine Costa Lima Pereira[3]

Resumo

A partir do conceito de enação apresentado por Francisco Varela no capítulo “Cuarta etapa: La enacción, alternativa ante la representación" na obra Conocer (1998), de que o mundo é co-construído com quem está conhecendo, não existindo mundo interno e externo separados, levantou-se a questão sobre os estudos de experiências de final de vida. Como seria possível estudar este tipo de experiência que não possui este substrato ou, pelo menos, com parte deste substrato danificado? Este seria o caso das experiências de quase morte ou de lucidez terminal. A grande questão levantada para discussão foi: teriam algumas destas experiências atribuição sobrenatural (disfunção cognitiva) ou seriam experiências espirituais ao mesmo tempo? A questão foi colocada como um ponto comum de questionamento, com muitas perguntas e poucas respostas. Em seguida, seguiu-se uma discussão retomando o conceito de emergência abordado no capítulo quatro, “Tercera etapa. La emergência: una alternativa ante la orientación simbólica”, a partir de uma dúvida externada por uma das integrantes do grupo. Logo, a grande pergunta foi: como todos estes conceitos discutidos durante a obra de Francisco Varela poderiam ser aplicados ao estudo dos fenômenos espirituais e religiosos? A conclusão, a partir dos temas abordados nos encontros anteriores, é que nos fenômenos espirituais e religiosos também há a influência do meio, ou seja, o meio também exerce pressão sobre o sujeito. Também foi discutido que o argumento de que o estudo da espiritualidade e religiosidade não seria algo científico só teria valor se alguém estivesse munido de uma resposta única para experiências que estão fora do contexto da imanência. Seguiu-se a discussão, aprofundando que o objeto de estudo não é a existência ou não de Deus, mas sim o motivo que levaria as pessoas a acreditarem (o aspecto cognitivo) na transcendência, com toda a dificuldade de os experimentos neste tipo de estudo não poderem ser repetidos e reproduzidos, diferentemente do que acontece nas ciências naturais. E a grande pergunta permanece: O que é a mente? Ela é produzida pelo cérebro? Ela é parte do cérebro? Ela emerge, sim, de uma rede neuronal, porém não é palpável. E, a partir desta constatação, o que é a cognição? O tema de leitura e estudo do grupo para o próximo encontro será a obra “A Mente Moralista” de Jonathan Haidt - Parte 1: “Primeiro as Intuições, Depois o Raciocínio Estratégico”, com a condução do Professor Doutor Renato Soleiman Franco.

[1] Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Graduanda em Psicologia e Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: lucianasoaresrosas@gmail.com

[2] Psicóloga. Mestrado (em andamento) em Bioética pelo Programa de Pós-Graduação em Bioética (PPGB) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E-mail: amorim_evelyn@hotmail.com

[3] Psicóloga. Mestre em Psicologia Clínica. Doutoranda em Teologia (PUCPR). E-mail: kpereira.psicologia@gmail.com